segunda-feira, 30 de maio de 2011

fichamento 4 e 5

Uso de produtos naturais como coadjuvante no tratamento da doença periodontal
AUTOR (ES)
Juiz, Paulo J. L.; Alves, Reinaldo J. C.; Barros, Tânia F.
FONTE
Revista Brasileira de Farmacognosia


A procura por produtos naturais com atividade antibacteriana no combate a doenças que afetam o elemento dental tem merecido destaque, principalmente com o advento de cepas multirresistentes a antibióticos (Roberts, 2002) e efeitos colaterais associados ao uso da clorexidina, que é aclamada como padrão ouro no controle da placa bacteriana (Jones, 1997), incluindo: inativação na presença de sulfatos e cálcio (Van Grunsven & Cardoso, 1995), manchamento extrínsico no esmalte dentário, hiperplasia de papilas linguais e perda do sentido da gustação. Desta forma, a utilização de produtos naturais associada ao tratamento preventivo poderia reduzir a alta incidência de doenças que afetam o elemento dental, como à doença periodontal.
A doença periodontal é descrita como um conjunto de processos inflamatórios e infecciosos que ISSN 0102-695X acomete os tecidos periodontais, de etiologia multifatorial, incluindo Diabetes mellitus insulino dependente, infecção por HIV, tabagismo (Genco, 1996; Yoshimitus et al., 1998), alterações neutrofílicas (Page & Kornman, 1997) e predisposição genética (Cullinan et al., 2008; Loos et al., 2008).
A doença periodontal é considerada uma infecção oportunista induzida por bactérias anaeróbias que colonizam o biofilme dental subgengival. Alguns pacientes podem não responder eficazmente a terapia periodontal convencional, que consiste em reduzir a microbiota patogênica e promover a regeneração tecidual, por meio de técnicas mecânicas (raspagem e alisamento radicular) e cirúrgicas, associadas a antibioticoterapia e uso de antissépticos. Porém, a presença de cepas de microrganismos multirresistentes são obstáculos a terapia periodontal.
O Brasil possui a mais rica flora em todo o mundo, com mais de 56.000 espécies de plantas, cerca de 19% da flora mundial. Estimativas indicam aproximadamente 5 a 10 espécies de gimnosperma, 55.000 a 60.000 espécies de angiospermas, 3100 espécies de briófitas e 1200 a 1300 espécies de pteridófitas, e em torno de 525 espécies de algas marinhas (Giulietti et al., 2005). Esta biodiversidade pode ser uma rica fonte de matéria-prima de produtos naturais com atividade antimicrobiana e representa uma alternativa promissora no combate as cepas multirresistentes.
A efetividade de um antimicrobiano pode ser influenciada pela presença de sangue, matéria orgânica, biofilmes intactos menos susceptíveis a ação da droga, o que dificulta a análise da atividade antimicrobiana frente a periodontopatógenos em testes in vitro.
O uso da clorexidina, a despeito de seus efeitos colaterais, poderia suplantar as dificuldades no controle químico da placa dental, visto que a clorexidina é um potente agente bactericida, embora seu efeito seja maior nas camadas superficiais do biofilme dental.
A atividade antibacteriana da clorexidina poderia ser melhorada por meio de sua combinação com óleos essenciais, que poderiam ser usados para reduzir a concentração de clorexidina em colutórios bucais, minimizando os efeitos colaterais e maximizando a atividade antimicrobiana deste antisséptico.
Branda e colaboradores (2005) descrevem o biofilme microbiano como uma comunidade multicelular fisiológica, bioquímica e estruturalmente organizada por uma matriz extracelular, a desorganização do biofilme ou a inibição da produção da matriz extracelular seriam mecanismos de ações ideais de um fitofármaco, mais do que agir exclusivamente sobre as bactérias planctônicas.
Muitos trabalhos (Bakri et al., 2005; Feres et al.,2005; Iauk et al., 2003; Lee & Chung, 2004) têm sugerido que o uso de plantas medicinais associado ao tratamento periodontal convencional, além da ação antiinflamatória, poderia resultar em diminuição da contagem de microrganismos responsáveis pela destruição dos tecidos de sustentação do elemento dental.
O efeito sinérgico das ações anti-inflamatórias, imunomoduladoras e antimicrobianas das plantas medicinais são uma ferramenta útil no tratamento da doença periodontal.
Não devemos, no entanto, desmerecer e abolir por completo o uso de drogas convencionais, cujo efeito comprovado corrobora a importância de sua utilização como: penicilina, tetraciclina, amoxicilina, doxicilina, metronidazol, ciprofloxacina e outros. Embora, a conscientização da população como um todo e dos profissionais da área de saúde habilitados para prescrição de medicamentos, quanto ao uso indiscriminado de antibióticos deverá fazer parte dos Programas anuais desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, já que segundo Rodrigues e colaboradores (2004), cepas de Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis e Tannerella forsythensis já apresentam um perfil de resistência a determinadas drogas como a tetraciclina.
O uso de plantas medicinais em saúde preventiva e curativa é cercado de recomendações rigorosas quando da sua utilização, pois segundo Veiga Jr e Pinto (2005) muitas plantas têm mostrado efeitos adversos como irritação gástrica, lesões no sistema nervoso, hemorragias, irritação na mucosa bucal.
Plantas com atividade sobre os periodontopatógenos seriam mais eficazes se também inibissem o crescimento de microrganismos como o S. mutans, que facilitam a instalação de periodontopatógenos no biofilme dental.
A terapia periodontal tem como objetivo a saúde periodontal, evitando a perda do elemento dental. Os cirurgiões-dentistas procuram novas informações, a fim de torná-los capazes de identificar e tratar a doença periodontal, reduzindo o risco de desenvolvimento de doenças como as cardiovasculares, incluindo endocardite bacteriana, bem como minimizando problemas de cunho psicosocial, incluindo ausência de autoestima e oportunidade de trabalho, que estão diretamente relacionados às conseqüências que a DP pode gerar. Neste contexto, novos instrumentos de tratamento como o uso de plantas medicinais no controle do crescimento e organização do biofilme subgengival trará uma nova possibilidade para o tratamento de um problema, hoje, mundial: a Doença Periodontal.

Doenças periodontais e desfechos gestacionais adversos
AUTOR (ES)
Patricia Weidlich
FONTE
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
A associação das doenças periodontais com várias condições sistêmicas como alterações cardiovasculares, controle metabólico da diabetes, doenças pulmonares, úlcera gástrica e acidentes vasculares passou a ser extensivamente estudada a partir da década de oitenta. Um tópico em particular que tem merecido atenção de vários autores é o parto pré-termo e baixo peso ao nascer. O primeiro estudo sobre o assunto realizado em humanos mostrou que gestantes que apresentavam perda de inserção generalizada possuíam sete vezes mais chances de apresentar parto pré-termo e/ou recém-nascidos com baixo peso. Desde então, a doença periodontal passou a ser investigada como possível fator de risco para parto pré-termo e baixo peso ao nascer.
A relação entre doenças periodontais e os desfechos gestacionais adversos foi demonstrada em estudos com diferentes desenhos experimentais, e resultados inconsistentes são constantemente apresentados. Esta tese consiste em um ensaio clínico randomizado com 299 gestantes, em que foi avaliado o efeito do tratamento periodontal sobre parto pré-termo e baixo peso ao nascer. As pacientes do grupo teste receberam tratamento periodontal que incluiu raspagem e alisamento supra e subgengivais e instrução para higiene bucal. Consultas de controle para profilaxia profissional e instrução para higiene bucal foram realizadas após o tratamento até o parto. Os desfechos primários avaliados foram parto pré-termo e baixo peso ao nascer. Ambos os grupos não diferiram com relação à taxa de partos prétermo, sendo que 14 gestantes (9,09%) do grupo controle e 17 gestantes (11,72%) do grupo teste apresentaram término da gestação anterior a 37 semanas (p=0,57).
Com relação ao peso ao nascer, também não houve diferença significativa entre os grupos, sendo que oito gestantes (5,63%) do grupo teste e seis gestantes do grupo controle (4,05%) apresentaram recém nascidos com peso de nascimento inferior a 2500 gramas (p=0,59). A doença periodontal foi tratada com sucesso no grupo teste. Contudo, o tratamento da doença periodontal não reduziu de maneira significativa a ocorrência de parto pré-termo e baixo peso ao nascer.

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